À MARGEM DO TEMPO - CAPÍTULOS 14 E 15
CAPÍTULO QUATORZE “ Eu não preciso passar por isso” – repetia Jorge, diante da atônita Francisca. Ela acabara de abrir as cortinas do quarto do patrão. Eram 10 horas, o sol já ia alto. Francisca não sabia se o patrão se dirigia a ela, ou se ainda estava mergulhado em sonhos. Ela tropeçou numa cadeira junto à janela e o barulho trouxe Jorge de volta ao mundo real. Ele deu um salto brusco e se sentou à cabeceira da cama. Esfregando os olhos, virou-se para Francisca e perguntou: – Onde estou? Ela não entendeu. – Em que ano nós estamos? Ela entendeu menos ainda. Jorge levantou-se e correu em direção à sacada da sala. Prédios altos, música alta, vizinhos barulhentos. E o galo? E o verde? Nada, a não ser o mundo de concreto, que encobria a visão das montanhas da Tijuca. Ele olhou para Francisca, que se mantinha calada e tentando disfarçar o seu espanto. Jorge olhou para o relógio sobre a mesinha. Dez horas e 2 minutos. Vinte e seis de dezembro de 2009. Ele acordar